É difícil se encontrar

“I have climbed the highest mountains
I have run through the fields
But I still haven’t found what I’m looking for”

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Por mais que a gente caminhe, não é fácil encontrar o que se busca. Mais difícil ainda é saber o que buscar.

Passei dez dias viajando para tentar ter um tempo para mim mesma, para me conhecer e me entender melhor. Descobri o que quis e o que não quis. Senti saudades, aproveitei o vinho, a chuva e o sol. Ri, dancei, chorei, tive medo. Conheci pessoas e lugares incríveis, algumas/alguns por poucos minutos. Mas me conheci ainda mais. E isso foi o mais incrível.

Ficar sozinho pode ser uma verdadeira montanha-russa, por dentro e por fora, especialmente quando se arrisca a estar longe do que se conhece. É estar sozinho física e emocionalmente, é não ter nada familiar ao seu redor. E é nessa hora que os caminhos abrem para o que a gente mais precisa encontar. Ou pelo menos te mostram onde é preciso começar a cavar.

Ítalo Calvino, em seu livro “As Cidades Invisíveis”, diz que “de uma cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas.” Eu voltei com respostas, sim, mas com ainda mais questões.

 

 

 

 

O vinho e a saudade

Misturar vinho com saudade dá um resultado aguado pelas lágrimas. Os compostos químicos do álcool e da solidão formam uma solução arrasadora, e eu só consigo sentir falta de tudo o que gosto e que não está comigo agora.

Quero meu avô. Quero a minha avó. Quero que eles saibam tudo o que to fazendo e que eu sinto muita falta, e é todo dia. E isso não é o álcool. E quero a minha gata. E tudo o que eu não posso ter mais, mas que tá pra sempre aqui.

O tempo faz a gente superar as perdas, mas o vinho nos mostra que a gente nunca as esquece.

Viajar sozinha

Viajar sozinha é uma escolha difícil.

Eu tomei a decisão de sair atrás de me conhecer melhor e buscar um espaço meu e ter mais tempo pra me entender, mas a verdade é que eu sempre vou achar melhor ter companhia.

E não é só pelo desafio de planejar e decidir tudo: é também pelo se virar para descobrir se você pegou o ônibus certo, não esqueceu algo crucial em casa, escolheu um bom lugar pra almoçar ou fez bem em virar as costas pra atendente malcriada que preferiu ficar falando ao telefone.

Mas, pra mim, a parte mais difícil é não ter com quem compartilhar as situações. É ter que esperar pra mostrar a foto do “Valdívia” vendendo figurinhas na rua. É descobrir finalmente o que são “Picadas” e não ter capacidade de comer o prato inteiro sozinha. É ficar encantada com o hotel que está e ter que ir dormir neste quarto incrível sozinha. É abrir uma garrafa de vinho e ter que tomar até o fim (ok, essa parte é boa!).

Por outro lado, é legal falar com outros viajantes e ver a admiração pela atitude e os incentivos deles quando digo que estou sozinha. Ou encontrar conhecidos na cidade e descobrir que perdeu tempo em não conversar mais com eles antes. Acaba sendo uma maneira de conhecer e descobrir muita coisa.

Mas a minha lição maior está sendo lidar com crises. Um grande perrengue com meu cartão de crédito me fará viver os próximos dias como monja. Lidando com restrições e frustrações, só para dizer o mínimo. Mas não era isso mesmo o que eu queria? Nas adversidades aprendemos as maiores, e talvez as melhores, lições.

Ana C., jazz, açúcar e uma vida mais doce.

De repente vem aquela vontade de ler poemas, e viver poeticamente.

De encontrar o livro da Ana Cristina César que roubei sem querer.
De encontrar inspiração nas páginas, lendo palavra a palavra. Encontrar o açúcar, a doçura, o jazz, o blues.

E ligo o jazz na sala, e apago a luz. Taça de vinho. Abraço. Vento frio pela na janela.

A vida precisa de pouco pra virar poesia.

Por vezes e frases

Tem vezes que a boca abre mas a garganta fecha, e a frase não sai.

Ou ela tropeça em outras frases que deveriam ter sido ditas, e acaba saindo atropelada, meio torta ou sem sentido, meio rasgada.

Tem vezes que a frase se afoga na mágoa guardada, e nem tenta sair. 

Tem frase que fica cansada, de tanto ser repetida, de ser gritada.

Tem vezes que vem na hora errada. Tem vezes que a hora passa.

As frases são complicadas.

 

É isso.

Não gosto de pontos finais.
Essa frase bastaria para explicar.
Eles interrompem bruscamente a frase.
Sem espaço para dúvidas.
Pronto.
Acabou.
Não gosto de pontos finais. Não gosto do fim.
O ponto final seca a frase. Torna áspero o objeto. Torna seca a palavra.
Um abraço perde toda a suavidade quando é sucedido de um ponto final. É quase um tapa na cara.
Abraço.
Um tchau é quase um adeus pra sempre quando é seguido por um ponto. Cheio de rancor.
Tchau.
 O ponto final estraga tudo.
Não gosto de pontos finais.
Gosto de escrever e pensar e viver no limite da respiração sem deixar espaço para pontos, no máximo para vírgulas, porque elas nos dão fôlego para continuar em frente, ininterruptamente, até a hora que é realmente preciso.
Aí ele aparece.
Por mim, seria sem ponto
Assim, livre
Soltinho
Sem ter que terminar nada por obrigação  só se
quisesse               e             quando
com muitos pontos…
mostrando que tudo continua
como a gente quiser
é…
sem tchau, sem adeus, sem ponto.
É isso.

E ponto.

Aos (quase) vinte e oito

É complicado fazer 25 anos.
Mas é complicado fazer 26. E é complicado fazer 27.

Agora to quase nos 28, e ainda não ficou fácil. E os 30 me assustam.

E assusta mais olhar agora e ver tudo o que já passou, e como estou longe dos 25 – apesar do blog ainda ser o mesmo, e com o mesmo nome.

Apesar de eu ainda ser a mesma (talvez), e com o mesmo nome.

 

Pra não dizer que não postei nada esse ano: Os números de 2012

Os duendes de estatísticas do WordPress.com prepararam um relatório para o ano de 2012 deste blog.

Aqui está um resumo:

600 pessoas chegaram ao topo do Monte Everest em 2012. Este blog tem cerca de 7.100 visualizações em 2012. Se cada pessoa que chegou ao topo do Monte Everest visitasse este blog, levaria 12 anos para ter este tanto de visitação.

Clique aqui para ver o relatório completo

Aos Vinte e Seis

Eles finalmente chegaram. 365 dias depois, encerro o ciclo dos vinte e cinco com grandes feitos no pacote. A vida está cada vez mais difícil, mas mais recompensadora.

Pela primeira vez, em anos, sinto que estou crescendo. Mudando a minha forma de pensar em carreira, família, vida e amadurecendo para algumas coisas, e tudo isso que parecia muito estranho, vai ficando natural.

Também vou ficando mais medrosa. Cada passo é mais arriscado, cada atitude mais significativa. A responsabilidade continua pesada.

Mas saber que não estou sozinha é incrível. Ver os amigos à minha volta crescendo junto, construindo suas vidas e fazendo planos… adoro estar perto, mesmo longe. E amei as mensagens e telefonemas. Mudaram meu dia 🙂

Amo ter a família perto, passar o final de semana com a mãe, irmã e “cunhado”, acordar com o carinho das cachorras… obrigada por tanto amor de vocês (mesmo nos meus dias de bicho-ruim), por fazerem tantas coisas legais, como dar remédio pro boi durante a semana e lavar a louça.

E também agradeço ao meu grande amigo, ex e namorado de novo, que não passou os 25 inteiros comigo, mas também nunca saiu da minha vida. Dani, obrigada por participar das minhas confusões, programas e viagens-cilada, ideias geniais e executar os planos e tarefas mais difíceis das nossas vidas. Entre eles, conviver.

Por fim, agradeço a mim mesma, como disse no post passado. Consegui “bater minha meta” pessoal, e tive coragem pra tomar as decisões e pra enfrentar as mudanças. E acho que essa coragem é meu maior orgulho esse ano. Quantos conseguem direcionar a própria vida pro lado que gostariam? Quantos estão infelizes e se arriscam a mudar?

Nobody said it was easy, no one ever said it would be so amazing.

 

Rumo aos 27!

Não coma peru, mas aprenda a agradecer

Não comemoramos o Thanksgiving Day no Brasil, e nem acho super legal importar tradições, mas li um texto comemorativo sobre a data e acho que ela se encaixa com o que penso do Natal e do fim do ano.

Os últimos dias de um ciclo são os melhores para relembrar o que passou. Não é a toa que existem as retrospectivas. Coincidentemente, meu aniversário cai no fim do ano e esses dois ciclos se fecham juntos pra mim: o universal e o pessoal. Novembro e dezembro então são meus meses de maiores reflexões.

Os vinte e cinco estão acabando, e posso afirmar que foi um dos anos mais marcantes na minha vida. Imensas realizações pessoais, muito sofrimento e muita felicidade. Tudo no mesmo pacote.

Daí, volto ao texto que mencionei. Ele traz várias maneiras de aproveitar a data para mostrar gratidão aos que estão a nossa volta, incluindo nós mesmos. E essa é a parte que mais facilmente esquecemos.

Então, por que não aproveitar que o ano está acabando, que o Natal está chegando, para relembrar das grandes coisas que fizemos e que nos aconteceram esse ano para agradecer?

Demonstre gratidão por si mesmo:

41. Faça uma lista das coisas que você fez e que te deixaram orgulhosa(o).
42. Cuide-se e faça algo que te dá prazer, como fazer as unhas ou receber uma massagem.
43. Quando alguém te parabenizar, agradeça e mostre seu orgulho por tal habilidade ou conquista.
44. Parabenize-se – enquanto se olha no espelho, ou escreva em seu diário ou coloque recadinhos na geladeira.
45. Dê um tempo a si mesmo para ir atrás daquela paixão que, muitas vezes, está ocupado demais para pensar.
46.Faça um inventário de todas as coisas boas que fez para os outros e para o mundo.
47. Escreva uma carta de amor para si mesmo. Comece com “Querida(o) [seu nome aqui]”  e descreva as coisas que admira em você.
48. Deixe ir as coisas que te impedem de se amar – mostre que se aprecia, independente de suas habilidades.
49. Marque um encontro consigo mesmo — uma noite que seja só para você.
50. Compartilhe sua beleza com as pessoas próximas, mostrando porque têm sorte de te ter em suas vidas.

Espero conseguir fazer meus próprios agradecimentos pessoais antes dos 26 (já batem à porta no próximo dia 30). E você faça o seu.

O texto completo está aqui.